Colégio Brasileiro de Genealogia
"Você era um estranho e o Brasil o acolheu"
PRIMEIRA HOSPEDARIA DE IMIGRANTES DO PAÍS VIRA MUSEU
A CÉU ABERTO EM SÃO GONÇALO - RJ
Notícia recebida da genealogista Josimeire Baggio
Por Vinicius Zepeda
O ano era 1951 quando, aos seis anos de idade, a russa Elke Grunupp – que, mais tarde, ficaria conhecida dos brasileiros como “Elke Maravilha” –, junto com seus pais, avós e três irmãos chegaram ao Rio de Janeiro. Depois de viajarem semanas dentro de um navio lotado de passageiros de diferentes nacionalidades e com condições de higiene e conforto bastante precárias, o grupo desembarcou na cidade, à época, capital do País. Os imigrantes que, por razões diversas – ora buscando oportunidades de trabalho, ora fugindo de conflitos étnicos ou religiosos em seus países de origem – chegavam ao porto do Rio eram levados para a Hospedaria da Ilha das Flores, situada na Baía de Guanabara. Elke e seus familiares ficaram por alguns dias no local e depois foram para a cidade de Itabira, em Minas Gerais, onde seus pais começaram a trabalhar numa fazenda.
Mais de meio século depois, Elke voltou, dia 13 de novembro, ao local onde passou seus primeiros dias no País. Mas, desta vez, como convidada a participar da cerimônia de inauguração do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores.
O ano era 1951 quando, aos seis anos de idade, a russa Elke Grunupp – que, mais tarde, ficaria conhecida dos brasileiros como “Elke Maravilha” –, junto com seus pais, avós e três irmãos chegaram ao Rio de Janeiro. Depois de viajarem semanas dentro de um navio lotado de passageiros de diferentes nacionalidades e com condições de higiene e conforto bastante precárias, o grupo desembarcou na cidade, à época, capital do País. Os imigrantes que, por razões diversas – ora buscando oportunidades de trabalho, ora fugindo de conflitos étnicos ou religiosos em seus países de origem – chegavam ao porto do Rio eram levados para a Hospedaria da Ilha das Flores, situada na Baía de Guanabara. Elke e seus familiares ficaram por alguns dias no local e depois foram para a cidade de Itabira, em Minas Gerais, onde seus pais começaram a trabalhar numa fazenda.
Mais de meio século depois, Elke voltou, dia 13 de novembro, ao local onde passou seus primeiros dias no País. Mas, desta vez, como convidada a participar da cerimônia de inauguração do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores.
Missa campal nos jardins da Casa do Diretor da Hospedaria
Fruto de uma parceria entre a Faculdade de Formação de Professores (FFP), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), campus de São Gonçalo, com a Marinha do Brasil, o Centro funcionará como um museu a céu aberto, propondo aos visitantes um passeio pela história da antiga hospedaria, que funcionou entre os anos de 1883 e 1966, e chegou a ter capacidade de receber até três mil pessoas.
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Observação CBG: aguardem informe sobre visita programa pelo CBG à Hospedaria de Ilhas Flores em 2013.
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O espaço ganhou totens explicativos e contará com guias treinados que irão relatar aos visitantes algumas das marcantes histórias de vida dos que por ali passaram, bem como detalhes do importante conjunto arquitetônico e paisagístico local. Hoje, a Ilha das Flores integra o município fluminense de São Gonçalo e abriga o Comando da Tropa de Reforço do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha.
Vista dos alojamentos reservados aos imigrantes, na Ala Norte.
A ilha tinha capacidade para receber até 3.500 pessoas.
Foto: data e autor desconhecidos.
Coordenado pelo historiador da FFP/Uerj Luis Reznik, o projeto conta com recursos dos editais “Auxílio às Universidades Estaduais – Uerj, Uenf e Uezo” e “Apoio a Pesquisas na Área de Humanidades”, da FAPERJ. Ele explica que o museu conta com cinco totens: entrada da ilha, desembarque no cais/praia, atendimento aos imigrantes, alojamentos e funcionários. Reznik recorda que, para atender aos que chegavam, havia um corpo de funcionários e um diretor, que moravam no local. “Os trabalhos começavam de madrugada. Ainda cedo, eram ligadas as caldeiras das embarcações, que atravessavam a baía para buscar mantimentos no Rio de Janeiro. Na cozinha, eram preparados o café da manhã, almoço e jantar com peças de louça suficientes para atender até 3.500 pessoas. Também havia serviços, como consultas médicas e odontológicas, envio de correspondências, limpeza e manutenção dos prédios”, descrevem Luís Reznik, Rui Fernandes e Henrique Mendonça no folder de apresentação do novo espaço.
Com relação ao atendimento aos imigrantes, os três pesquisadores explicam que havia espaços, como o Pavilhão Sanitário – onde ficava a farmácia e eram realizados os exames médicos –, Pavilhão Clínico – composto de hospital, maternidade e duas enfermarias –, lavanderia, carpintaria, posto telegráfico, necrotério e balcão de empregos, além dos alojamentos masculino e feminino. “Também havia uma sala onde um intérprete era encarregado de facilitar a comunicação entre os funcionários e os imigrantes”, destacam.
Já com relação ao desembarque no cais, eles explicam que os imigrantes, uma vez em terra firme, preenchiam uma ficha, seus documentos eram conferidos, e, então, podiam se dirigir à cozinha, a fim de fazer uma primeira refeição. Todos passavam, igualmente, pela inspeção médica e sanitária, onde recebiam roupas de cama e sabão, antes de se dirigirem para seus alojamentos. “No caminho, passavam por uma placa em vários idiomas, onde se lia: ‘Você era um estranho e o Brasil o acolheu’”, complementam.
Vista panorâmica da ilha. Ao fundo, um barco que ligava o local
à cidade do Rio de Janeiro. Foto: data e autor desconhecidos.
Reznik explica que, entre 1857 e 1883, o local funcionou como uma fazenda de produção de mandioca e piscicultura. Já em 1883, o então governo imperial brasileiro adquiriu e oficializou a Hospedaria dos Imigrantes do Rio de Janeiro, também chamada de Hospedaria Central, que existiu até 1966.
O historiador recorda que no período da Grande Imigração (1870-1920), o Brasil se tornou o quarto destino mais procurado pelos imigrantes em todo o mundo. “Além disso, como a política escravocrata encontrava-se em decadência devido a proibição do tráfico negreiro [1850] e a Lei do Ventre Livre [1871], o governo imperial brasileiro incentivou a substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes europeus”, acrescenta.
Em seu discurso, o historiador destacou a importância e o crescimento da hospedaria ao longo de sua existência. ”Em seu primeiro ano de funcionamento, em 1883, foram recebidos 7.400 imigrantes; dois anos depois, em 1885, eles eram 10.600; em 1887, 18.800; em 1888, 33.400; e, em 1890, 66.500. Imaginem, portanto, como, nesse breve espaço de tempo, foi necessário edificar mais dormitórios, depósitos de bagagens, ampliar o espaço das cozinhas, banheiros, lavanderias, além de construir um enorme reservatório de água”, disse. Reznik chamou a atenção para o fato de que o novo museu trará uma contribuição importante aos estudos sobre imigração, a serem feitos por pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa e da própria Marinha do Brasil. Por último, ressaltou a importância do espaço para a população do entorno. “Esperamos receber pessoas de quaisquer partes do mundo, mas principalmente a população escolar dos municípios do entorno: Rio de Janeiro, Niterói e, especialmente, de São Gonçalo, Itaboraí e Magé, localidades com poucas opções culturais”, salientou.
O Almirante Zuccaro, chefe do Comando da Tropa de Reforço do Corpo de Fuzileiros Navais, Marinha brasileira, organizador do evento, realizou uma explanação sobre as atividades de recepção de imigrantes no local e enalteceu a relevância da oportunidade de se criar um museu com tais características.
A sub-reitora de graduação da Uerj, professora Lená Menezes, representando o reitor da instituição, prof. Ricardo Vieiralves, ressaltou a importância que o local teve na recepção a esse grande número de imigrantes. A sub-reitora é professora titular da Uerj e uma das grandes referências nacionais acerca de estudos sobre imigração.
Em seu discurso, o historiador destacou a importância e o crescimento da hospedaria ao longo de sua existência. ”Em seu primeiro ano de funcionamento, em 1883, foram recebidos 7.400 imigrantes; dois anos depois, em 1885, eles eram 10.600; em 1887, 18.800; em 1888, 33.400; e, em 1890, 66.500. Imaginem, portanto, como, nesse breve espaço de tempo, foi necessário edificar mais dormitórios, depósitos de bagagens, ampliar o espaço das cozinhas, banheiros, lavanderias, além de construir um enorme reservatório de água”, disse. Reznik chamou a atenção para o fato de que o novo museu trará uma contribuição importante aos estudos sobre imigração, a serem feitos por pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa e da própria Marinha do Brasil. Por último, ressaltou a importância do espaço para a população do entorno. “Esperamos receber pessoas de quaisquer partes do mundo, mas principalmente a população escolar dos municípios do entorno: Rio de Janeiro, Niterói e, especialmente, de São Gonçalo, Itaboraí e Magé, localidades com poucas opções culturais”, salientou.
O Almirante Zuccaro, chefe do Comando da Tropa de Reforço do Corpo de Fuzileiros Navais, Marinha brasileira, organizador do evento, realizou uma explanação sobre as atividades de recepção de imigrantes no local e enalteceu a relevância da oportunidade de se criar um museu com tais características.
A sub-reitora de graduação da Uerj, professora Lená Menezes, representando o reitor da instituição, prof. Ricardo Vieiralves, ressaltou a importância que o local teve na recepção a esse grande número de imigrantes. A sub-reitora é professora titular da Uerj e uma das grandes referências nacionais acerca de estudos sobre imigração.
Após a cerimônia de abertura do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores, foi descerrado, em ato simbólico, um dos totens do museu. Após o descerramento, os convidados realizaram uma visita guiada pelo museu, seguida por uma apresentação da Banda dos Fuzileiros Navais.
Página da hospedaria: http://www.hospedariailhadasflores.com.br/
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Visite a nossa página: www.cbg.org.br
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